Novos caminhos da Doença de Parkinson
O ano de 2017 marca os 200 anos da primeira descrição moderna de uma doença que foi capaz de estar presente nos pesadelos de homens e mulheres de todas as origens. Caracterizada inicialmente pelo inglês James Parkinson com o nome de “Paralisia Agitante” e posteriormente dissecada com detalhes até para os dias atuais pelo pai da neurologia.
Jean-Martin Charcot, que a batizou pelo termo consagrado de “Doença de Parkinson” (DP), é conhecida pelo tremor das extremidades principalmente aos repouso e de inicio unilateral, lentificação dos movimentos, rigidez articular e instabilidade postural, entre outros sinais e sintomas típicos da patologia.
Afetando mais indivíduos do sexo masculino, atualmente estima-se que cerca de 3% da população acima dos 65 anos seja portadora da DP, com aproximadamente 200.000 pessoas acometidas com os sintomas no Brasil e esse número tende a crescer com o envelhecimento da população.
A Doença de Parkinson clássica, também chamada de idiopática, não apresenta causa ou fatores desencadeantes, havendo apenas associação com a exposição a pesticidas. E somente cerca de 10% dos pacientes apresentam uma herança genética que leve a predisposição à doença.
Durante quase 150 anos as pesquisas não foram capazes de oferecer para os pacientes um tratamento eficaz e com perfil de efeitos colaterais suportáveis, até que na década de 1960 pode-se compreender o papel no cérebro de uma substância chamada Levodopa, que viria a se tornar o principal pilar e a primeira revolução no tratamento da DP.
Com esse medicamento foi possível aliviar os tremores, melhorar o caminhar e a rigidez com tamanha eficiência que é utilizada por neurologistas do mundo todo até hoje, porém a sua progressão ainda era inexorável.
Nas últimas duas décadas tivemos o lançamento de mais de 1 dezena de novas medicações capazes de promover um aumento progressivo da eficácia do tratamento, prolongando o tempo de vida com sintomas não incapacitantes e promovendo ganho significativo na qualidade de vida.
Além disso, a tecnologia proporcionou um novo caminho para pacientes selecionados com o quadro motor já avançado, que foi a implantação de pequenos eletrodos em uma área do cérebro chamada núcleos da base ligados a uma espécie de marca-passo.
Esse equipamento, chamado de Estimulação Cerebral Profunda (ou Deep Brain Stimulation – DBS), abriu uma nova perspectiva para médicos e pacientes em uma fase do tratamento até então angustiante, em que não havia mais opções terapêuticas. Atualmente não são todos os pacientes que são elegíveis para essa técnica, porém quando bem empregada os resultados são consistentes e duradouros.
Outra técnica recente, menos invasiva e sem necessidade de cirurgia, ainda em fase de pesquisas, mas que cada vez mais tem se mostrado útil, é a Estimulação Magnética Transcraniana. O tratamento funciona como um pequeno aparelho de Ressonância Magnética capaz de estimular ou inibir determinadas áreas do cérebro, podendo trazer ganhos tanto na rigidez, como no tremor e na postura de pacientes que qualquer fase da doença.
No momento os olhos do mundo, sejam pacientes ou médicos, viram-se para as novas pesquisas – ainda incipientes mas que em breve deve iniciar testes com humanos – com moléculas que em animais de laboratório mostraram-se capazes de evitar a progressão dos sintomas e em alguns casos até reversão do quadro.
Esses resultados ainda devem demorar alguns anos para estarem disponíveis, porém representarão a segunda revolução no tratamento do Parkinson, em que vamos não apenas nos limitar a controlar os sintomas, mas sim caminhar para a cura desse mal que há tantos anos assola a humanidade.
Com tantas oportunidades e opções com excelentes perspectivas futuras, conclui-se que o diagnóstico da Doença de Parkinson nos dias atuais, embora não se trate de algo desejável como qualquer patologia, está longe de ser uma sentença como já fora no passado e cada vez mais pacientes têm a oportunidade de uma rotina plenamente funcional e com qualidade de vida.
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